A Caminho do Sucesso



Estrada fora . . .

No horizonte, lá ao fundo…

o pódio, os flashes…

o olhar de admiração, os aplausos…

Para alguns vale tudo. Para outros nem tanto.


Exige-se êxito. Persegue-se o sucesso. Quer-se ostentar um brilho que torne inevitáveis os reparos de admiração. Deseja-se atenção, mesmo aceitação por parte dos outros. Objectivo: obter o reconhecimento da importância de si próprio. No limite, o objectivo pode mesmo pender para uma forma de justificar a própria existência.


Caminhando pela vida deste modo, a noção de auto competência, de realização pessoal, de felicidade, mede-se pelo índice de admiração que o olhar de outros parece refletir. Caminha-se dependendo do que o outro transmite. O valor pessoal parece depender do sucesso obtido, por se acreditar valer aquilo que se consegue alcançar.


Persegue-se o considerado necessário para ser gostado. Vive-se sentindo que não alcançando as expectativas desejadas, se é menos amado, por ter menos valor. Nem se identificam os sonhos pessoais, por não haver espaço nem tempo para saber quais são. Parece nem haver autonomia para separar os próprios sonhos, os próprios desejos, dos sonhos e desejos de outros.


Servem vários apetrechos reluzentes, chamativos, tal qual árvore de Natal: namorado/a vip; carro topo de gama; corpo medidas xy; sucesso na competição por conquistas amorosas; sucesso em nº de amizades; na carreira académica; na carreira profissional. Chega-se ao extremo de apresentar uma ilusória mentira em lugar de uma verdade menos sedutora. Prefere-se o mundo da ilusão, porque a realidade é menos brilhante. Quando honesto pode passar facilmente despercebido. Quando mentiroso e adulador vai iludindo a plateia, captando a atenção sobre si.


Este modo de caminhar pela vida é uma tentação, uma engrenagem da qual é útil ter a noção, porque pode tornar-se problemática. Seguindo tais exigências de sucesso, aquilo que for menor fica muito provavelmente parecendo muito pouco, ficando portanto demasiado aquém. Que é o mesmo que dizer que, perante o desejo de tamanha grandiosidade, a condição de ser «simplesmente» um ser humano pode parecer demasiado insignificante.


Dora Bicho – Setembro 2015

http://campopsicologico.blogspot.com/

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