A ideia de que "As Crises são Simultaneamente Novas
Oportunidades" é uma Perspectiva Comummente Aceite no Âmbito da
Intervenção Psicológica.
Esta ideia em psicologia não é fantasia, ironia ou sadismo. É
uma ideia que não pretende promover a crise mas antes aproveitá-la como momento
e movimento propulsor de mudança. Porque as fases de crise são fases de maior
desequilíbrio e fragilidade que desestabilizam o modo habitual de estar na
vida, podem levar a mudanças maiores, para melhor ou para pior. Se
oportunamente aproveitadas, de forma construtiva, poderão ser oportunidades de
mudança benéficas para o próprio.
Não significa isto que se prescrevam crises como bons
remédios para mudar de vida. Nem que uma crise signifique obrigatoriamente um
rejuvenescimento pessoal. Nem que momentos críticos de particular sofrimento
sejam circunstâncias apetecíveis
É no entanto verdade que, quando uma pessoa se vê imersa numa
situação de crise, para além de poder passar por um rol de emoções intensas,
sente a sua vida desequilibrada. Perante uma situação de crise pessoal,
familiar, profissional, ou outras, o projecto de vida até então sonhado é posto
em causa, surgem dúvidas sobre a correcção das escolhas feitas e o que poderia
ter sido feito de diferente para evitar o desfecho ou desfechos anteriores.
Dada a impotência sentida perante a força das adversidades em causa, surgem
dúvidas sobre se vale a pena lutar quando o Universo é tão injusto, e sobre se
se pode acreditar quando inesperadamente surgem circunstâncias tão negativas.
As escolhas feitas no passado são postas em causa e surgem dúvidas sobre a
própria habilidade para escolher os melhores caminhos e agir da melhor forma.
Questiona-se o futuro e o que se quer e é possível fazer daí em diante. Há
portanto maior fragilidade pessoal, um desequilíbrio em relação à rotina
anterior, e dúvidas sobre o futuro.
E este desequilíbrio, devido a uma ou várias circunstâncias,
simultâneas ou espaçadas ao longo do tempo, se oportunamente “agarrado” com
convicção, pode ser um momento chave para um novo equilíbrio, conseguido,
porque a crise provocou um abalo desestabilizador e possibilitou novo ajuste e
perspectiva sobre a vida (à qual acresce o acontecimento de crise mais
recente).
Dora Bicho – Novembro 2015
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