Vivemos um tempo em que
muitos adultos sentem ter investido muito nos filhos. Decidiram o que era
melhor para eles, segundo aquilo que lhes disseram que era melhor. Parecendo
acreditar que a vida se aprendia nos livros, sufocaram-nos com escola,
explicações, t.p.c’s, e ainda mais atividades. Consolaram-nos com televisão,
internet e consolas. Disseram-lhes que a partir dos 9 meses tinham de dormir no seu próprio quarto. Que a
partir dos 6 anos de idade tinham de reservar horas para estudar, outras para
ver t.v., e mais algumas para dormir. Que às 21 horas teriam de ir para a cama.
Que assim seriam felizes.
Disseram-lhes que os
amavam muito, que eles eram muito importantes, mas tinham pouco tempo
disponível para os ouvir e orientar. Que
nas instituições onde ficavam estariam bem entregues.
Estes jovens que não aprenderam a reflectir
sobre si, sobre a condição de se ser humano, sobre o sentir, a emoção… porque
essas não se aprendem nos livros escolares, e foram mesmo pressionados a ignorá-las
– para não fazerem birras - pressentem que lhes foi destinada uma vida
prometida como a ideal, para a qual pouco foram ouvidos. Vêm-se de bolsos
vazios e sentem-se esvaziados de sentido.
Desorientados,
frustrados e desesperançados, estes jovens precisam de orientação e aderem ao
que lhes parecer uma possível salvação.
O recurso à anestesia
através da fantasia é uma fuga possível, à mão, em contramão à sua própria
realidade.
Dora Bicho – Junho 2015
http://campopsicologico.blogspot.com/
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