Solidão


«...

Estou só.

Sinto-me só.

Ninguém se chega a mim.

Ninguém se aproxima daquele que é o meu sentir.

Ninguém me preenche.

E fica o vazio.

Ninguém é igual a mim ou quem é está muito longe.

Não tenho a quem me chegar nem com quem chorar.

Sinto-me só.

O tempo passa.

Vai passando.

Não sei como lutar contra isto.

Não posso mostrar o quanto estou só, mas é custoso fingir.

Cansa-me.

Resta-me sonhar.

Com um encontro que poderei vir a ter.

Com aquele olhar que me aconchega e me securiza como sempre desejei.

Com aquele sorriso prometedor que me dá confiança.

Deverei sonhar? Nem sei… »


É a solidão afectiva e amistosa que acima expresso. A qual pode ser mais ou menos próxima de uma solidão física. Solidão de quem vive só, com poucos momentos de convívio com outros com quem se identifique. Solidão sentida como um peso, em lugar de uma oportunidade. Solidão que parece não ter fim.


Esta solidão deve ser compreendida, desmontada, e resolvida. Não serve para ninguém


Por outro lado, não tenhamos dúvidas: estar só pode ser positivo e até mesmo essencial, pelo menos pontualmente, nalgumas fases da vida. Estar só pode ser fundamental para um espaço de paragem e organização de pensamentos. Pode ser essencial para descansar e deixar assentar a poeira de emoções e pensamentos que andava pelo ar. Pode ser precioso para fazer balanços e tomar balanço; para analisar, limar arestas, encontrar caminhos e seguir caminho. Ser independente é isso. Saber estar só. Para escolher caminhos e com quem caminhar.


Dora Bicho – Dezembro 2015

http://campopsicologico.blogspot.com/

Comentários