O que é normal!

Ter dificuldades em dormir, se existem aflições na própria vida. Se há emoções por analisar, para clarificar e resolver. A insónia é um sinal de que há coisas por pensar, e também um espaço (roubado ao sono) para o fazer.

 

É normal chorar quando se está triste. Quando se teve uma desilusão.

 

Querer ser amado, apreciado, admirado. Por aqueles de quem se gosta, pelos de quem não se gosta, e pelos outros.

 

Ficar zangado se, quem seria suposto tratar bem, amar, gostar, é intrusivo, manipulador, controlador e asfixiante.

 

Ficar confuso perante a diversidade de comportamentos, aparentemente opostos de alguém.

 

Ter medo de ser magoado, após sucessivos percalços nas mesmas circunstâncias.

 

Ir na onda de quem trata bem, parece gostar, mas depois surpreende. Isso é normal.

 

Normal é, chorar quando se perde de quem se gosta. Morrer com essa perda não é normal.

 

Normal é entristecer perante a sensação de escassez de amor e atenção.

 

Ter medo de falhar, se falhar tem um peso muito grande na percepção de si próprio.

 

Estar feliz por seguir os seus próprios desejos, ou inquieto, casmurro, cabisbaixo quando assim não é.

 

Desejar ter as coisas boas da vida. Sorrir com os outros.

 

Normal é sonhar. Sempre.

 

Normal, a norma, aquilo que é frequente, é, no ser humano, ser sensível ao mundo exterior, e, em interacção com ele criar uma realidade interior. Pode esta ser mais fria, rígida, dura emocionalmente, ou, de tal modo frágil que aparenta absoluta susceptibilidade.

 

Claro que esta é tão só a minha noção do que é normal. Noção que me autorizo também, e não o faço por um acaso, a considerar absolutamente normal.

 

Dora Bicho